Nas duas últimas semanas na Rodovia CE 040, mais especificamente nos dias 16 e 22 de janeiro
tivemos dois acidentes envolvendo condutores de automóveis e ciclistas em situação de
treinamento. As circunstâncias e situações são distintas, mas ao fim, as mesmas cominam em
algo comum, a intolerância e a falta de empatia de alguns condutores de veículos automotores
com a vida. Porque a vida, é simples, qualquer acidente de trânsito põe em risco esse que é o
bem mais valioso para o ser humano. Não vamos ampliar a discussão sobre o direito de ir e vir
do ciclista, da legitimidade de usarmos as estradas, seus acostamentos, as ciclovias e ciclo faixas,
pois isso tudo já está devidamente garantido e superado em na nossa afortunada legislação (Lei
Federal nº 9.503/97 o CTB), o que se deseja é a construção de uma relação de respeito e
empatia, dos demais usuários dos sistemas e modais de trânsito, para que quando um pai de
família saia para ir ao trabalho de bicicleta volte em segurança para o leito do seu lar, quando
uma família vai usar a bicicleta aos domingos tenha o respeito mútuo dos demais condutores
automotivos e quando o atleta usuário da bicicleta saia para treinar retorne em paz para a sua
casa.
Não estamos falando aqui especificamente por esses dois últimos casos, mas estamos
pontuando os mesmos como ícones para acendermos o sinal de alerta, para toda a sociedade,
as autoridades, os motoristas, condutores, pilotos seja lá quem estiver atrás da condução de um
veículo automotor, e não o transforme em uma máquina de matar, há de se dar um basta nessas
situações, que acontecem cotidianamente e amanhã são esquecidas, o motivo disso tudo é
simples, já perdemos e tivemos acidentados (com sequelas muitas vezes irreversíveis) muitos
atletas das diversas modalidades do ciclismo, do triatlo, pais de família e família por falta de
empatia e desrespeito ás normas de trânsito, por motoristas irresponsáveis, desrespeitosos e
porque não dizer desumanos.
Em cima de uma bicicleta se conduz uma vida, então a situação nos parece ser bem simples,
bastaria que se respeitasse a vida, não dirigindo bêbado, deixar a distância de 1,50mts quando
passar pelo ciclista, esperar na conversão de uma rua atrás do ciclista em trânsito, é tão obvio,
tão simples e tão fácil e porque não fazemos isso, é porque não temos as autoridades, não temos
punição na justiça, não temos um sistema de sanção eficiente, sim a impunidade pode ser um
elemento que contribua com essa falta de educação, porém quando se for fazer a justiça,
prender quem atropelou ou não prestou socorro o estrago já está feito na vida daquele que
conduzia sua bicicleta em paz.
Após o acidente a sensação e as perguntas são as seguintes, como está a fulana, foi grave, não
teve nada, faleceu? Sim, tudo isso ocorre em uma fração de segundo e o mundo já pode não ser
mais o mesmo para aquela família, que perde uma filha ou um pai não pode mais trabalhar, ou
só não podemos pedalar por uns seis meses, pois teremos que nos submeter a cirurgias
colocando ferros, pinos e costurando o couro ralado em asfalto pela falta da empatia do
CONDUTOR. Sim somos todos culpados e vítimas ao mesmo tempo, temos um sistema a culpar,
mas antes de tudo devemos saber que somos os responsáveis por respeitar as normas e com
esse respeito, aí sim haverá mais paz em nosso trânsito.
Cuidar da vida é cuidar da humanidade e isso cada um pode fazer por si só, quando temos de
acionar o sistema de controle social (polícia, SAMU e justiça) é porque o dano já está feito e a
ferida aberta e vai doer mais sempre no lado do mais vulnerável.
Sejamos todos conscientes de que o respeito é a premissa de uma sociedade justa e empática e
praticar isso trará a tão sonhada paz aqueles usuários do modal de transporte ciclo viário.
Basta de violência, basta de atropelamentos, basta de embriagues ao volante, basta de se perder
vidas pela simples atitude de não se respeitar a mesma
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